sábado, 18 de dezembro de 2010

"ROTINAS, INSPIRAÇÕES, AMBIENTE DE ESCRITA"

Este o tema. 
E começo pela terceira parte.
J.S. -  Acrílico sobre tela
Que me lembre, escrevi uma única vez ao ar livre, à sombra de uma árvore; e ainda assim, era uma curta crónica e tratava-se de uma urgência. Também, uma única vez, e também por motivo de urgência, escrevi a bordo de um avião. O meu ambiente preferido, aquele em que me sinto verdadeiramente bem, é a minha casa — e, nela, a divisão que uso como gabinete de trabalho. Aí estão os livros, o computador, a aparelhagem de áudio. É muito raro escrever sem música de fundo.
Saltando para as rotinas: a verdade é que não as tenho. Ou, pelo menos, tenho-as em fases curtas. Por exemplo, há alturas em que escrevo melhor à noite, mas, de momento, prefiro levantar-me cedo e trabalhar, sobretudo, durante a manhã. Na verdade, só reconheço em mim dois hábitos enraizados: um, que já referi, é escrever com música de fundo; o outro é ir bebendo chá ao longo do dia. Entenda-se: chá (verde, preto, chinês, açoriano ou de qualquer outra proveniência) e não tisanas. Quanto ao resto… não o faço de propósito, mas já reparei que sempre que falo de uma qualquer rotina que tenha adoptado, não tardo a abandoná-la.
Resta a questão das inspirações. Aí, não sei bem o que responder, porque ignoro o processo. De onde vêm as ideias? Penso que, a este nível da chamada inspiração, não têm uma origem única. Uma coisa é certa: no meu caso, o ambiente que me cerca não tem sido, até agora, uma fonte de inspiração — se, por exemplo, estou no campo ou num jardim, perco-me a olhar para as árvores e para os passarinhos e não consigo escrever ou, sequer, imaginar. O processo, ou é muito complexo ou muito simples; em qualquer caso, prefiro deixá-lo correr e não lhe estudar o mecanismo.
João Aguiar
Só podia ser à sombra de um secular sobreiro - Set. 2oo5 - Mangualde
J. Sousa - Grafite H sobre papel

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