Morreu um dos homens mais bonitos da actualidade portuguesa. João Aguiar, escritor, jornalista e homem profundamente ligado à cultura e à História, seguiu o caminho de volta às estrelas depois de um período de doença que serviu – e quase sempre é assim para os corajosos de alma – de balanço consciente das vivências e sentimentos.
Uma das últimas conversas versou sobre o tema da meditação, das suas vantagens e dos seus efeitos imediatos e a médio prazo. Daquilo que o exercício do pensamento e da sua ausência pode trazer e qual o uso que lhe damos. Sem preconceitos e com a intuição a prevalecer, a liberdade de cada um e a consequente ligação aos demais sobressaiu como conclusão. Era ainda necessário apostar na educação dos mais pequenos, apoiando as emoções, permeabilizando a sua ligação ao intelecto. Nas visitas às várias escolas, o João trazia sempre o melhor dos garotos e era isso mesmo que ele tirava da vida: o melhor de todas as experiências!
E o melhor de si próprio, dizem muitos, era o seu sorriso. Não era uma condição meramente estética, diríamos nós, mas sobretudo o espelho de um homem franco que, por força desta autenticidade, não desbaratava um sorriso. Quando o oferecia ele vinha carregado com um olhar cativante, tal qual uma porta que permite a entrada dos outros e saída de si próprio.
É exactamente assim, João, que te vamos recordar: corajoso na dádiva e disponível no receber!
Por Paula Ferreira
J. Sousa - "Vento" Óleo sobre tela - Colecção Particular |
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